Em tom de diálogo e disposto a conversar. Foi assim que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou à Câmara para explicar aos deputados as medidas que estão sendo tomadas. Haddad deixou claro: com o salário mínimo subindo acima da inflação, empregos aumentando e a fome reduzindo, o Brasil está pronto para entrar no ciclo virtuoso. Mas antes, precisa lidar com o que chamou de “problema dramático”: a distribuição de renda.
“Porque eu costumo dizer que o morador da cobertura não paga condomínio e o zelador tá pagando condomínio do mesmo prédio. Como é que você cobra do zelador, que às vezes mora ali no prédio e não de quem mora na cobertura? Essa é a verdade sobre o Brasil”.
É uma questão de corrigir distorções e não de aumentar impostos, ressalta o ministro. É o que prevê a proposta que isenta do pagamento de imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil por mês, mas cria uma alíquota gradual para quem recebe acima de R$ 600 mil por ano.
“Nós não temos pretensão de sermos donos da verdade, não temos nenhuma falta de humildade em relação a temas complexos. Mas até o presente momento eu não consegui enxergar uma proposta que fosse melhor que essa. Porque o dia que chegar na nossa mesa uma proposta melhor, nós vamos encampar”.
O ministro falou também sobre a reunião do IOF no último domingo na residência oficial da Câmara. Reunião que durou mais de cinco horas e serviu para apresentar as medidas compensatórias ao decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras e que o Congresso ameaça derrubar. O ministro fez referência ao presidente da Casa, Hugo Motta.
“Vejo nele uma pessoa imbuída da melhor iniciativa, da melhor intenção de ajudar o Brasil. Não está preocupado com questões menores, tá alçando o debate público ao patamar que ele merece estar. Grandeza, projeto, futuro”.
Mas, enquanto o ministro estava na Câmara, o presidente da Casa participava de um evento onde falou sobre responsabilidade fiscal e, mais uma vez, deixou bem claro que essas medidas compensatórias do IOF vão ter resistência no Congresso.
Durante a reunião, a oposição chegou a confrontar o ministro. Caso do deputado Nikolas Ferreira. Que interpelou Haddad e deixou a comissão.
“Por exemplo, quando você disse que o aumento do IOF e as coisas que mexem com o mercado financeiro apenas afetam moradores de cobertura, como se as pessoas de classe média não conseguissem ter acesso a investimentos e como se o aumento geral das coisas não impactasse os preços”.
Mesmo com a ausência de Nikolas, o ministro respondeu:
“Agora, esse tipo de atitude, de alguém que quer aparecer na rede falando sério e corre, sempre que o embate vai acontecer… tô perdendo aqui um minuto pra esse desabafo, porque é um pouco de molecagem, sabe? Isso não é bom pra democracia”.
Após o embate, a reunião foi encerrada.
Fonte: Agência Brasil